PATOLOGIZAÇÃO DA INFÂNCIA

PATOLOGIZAÇÃO DA INFÂNCIA

Assistimos hoje a uma epidemia de transtornos mentais, na qual a infância não fica de fora. No processo de patologização da vida, uma série de comportamentos, que não eram entendidos como patológicos, passam a ser.

O surgimento de tantos medicamentos nos interroga se os mesmos surgem para tratar novos transtornos mentais ou se esses surgem para responder às demandas da indústria farmacêutica.
Observamos um número cada vez maior de crianças muito novas (2/3 anos) fazendo uso de medicamentos não isentos de efeitos colaterais consideráveis.

Podemos pensar, como exemplo, na inflação diagnóstica de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que é um fenômeno global.
Assim, observamos a psiquiatrização e medicalização da infância, onde medicar tem se tornado a melhor das opções, por se tratar de uma resposta rápida aos comportamentos desviantes das crianças.

Desse modo, toda questão fica no cérebro da criança e não é considerado o contexto no qual a mesma está inserida.
Quais espaços as crianças têm hoje para dizer sobre aquilo que se diz sobre elas?

O mundo hiperativo, da pressa, das cobranças, da competição, é o mesmo que nos cobra concentração, foco e calma.
Nem todo sintoma de desatenção e hiperatividade estarão ligados ao TDAH. Infelizmente, acabamos nos deparando com diagnósticos apressados e mal feitos.

Isso não quer dizer que um diagnóstico não seja algo importantíssimo e que muitas pessoas podem se beneficiar muitíssimo de medicações. A questão é que, em se tratando principalmente da infância, precisamos de muita calma e de profissionais sensíveis e muito cuidadosos, que deem voz às crianças e que analisem todo o contexto no qual a mesma se insere.

Nessas situações, é fundamental que família e escola não se rendam às demandas sociais e tenham calma.
Fundamental também pensar que um diagnóstico vai descrever os sintomas, mas não deve explicar tudo sobre uma criança.
Diagnóstico de transtornos mentais na infância é algo muito sério! Que seja feito com muita responsabilidade, sensibilidade e calma, sabendo que se pode chegar a um ou não!

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